O local da pretensão tinha como pré-existência uma moradia unifamiliar do século XIX, em mau estado de conservação e sem relevo arquitetónico. Nunca houve intenção de manter ou recuperar a construção, no entanto a sua cota elevada destacou-se na primeira visita ao terreno.
Implantar o edifício no mesmo ponto permitia, a partir do segundo piso, ver o pôr do sol no mar, sobre a mancha verde da copa das árvores que se estende até à linha da água.
A maior dificuldade em cumprir o programa deveu-se à morfologia do lote, de configuração trapezoidal, estreita e afunilada.
Sendo primordial que a casa se integrasse de forma harmoniosa na vegetação circundante, o projeto surge como um jogo volumétrico de cheios e vazios, na extensão longitudinal do terreno, que procura desconstruir a massa edificada, e cuja principal característica é a sua materialidade.
Das opções que explorámos, os materiais naturais eram os que melhor se enquadravam. No sentido de criar uma simbiose entre a casa e o seu contexto, optámos por recorrer à plasticidade do betão, atribuindo-lhe um pigmento em tons amarelo ocre que, combinado com o ripado de madeira, gera um contraste natural com a sua circunstância.
A proposta insere-se numa trama urbana com características mais rurais. Traçando um eixo transversal, em frente à casa temos um jardim rico em carvalhos e pinheiros e, a tardoz, uma horta comunitária. Assim, todos os vãos da casa abrem para um elemento verde.
O resultado foi uma construção distinta e em harmonia com a sua envolvente, sem descurar o trabalho arquitetónico das formas e a sua funcionalidade.